domingo, 7 de abril de 2013

Paisagem Emocional

Encontrei um trabalho da época de faculdade, que nunca mostrei. Vi de novo, vi melhor. Aí vai:


Eu estava no Cerrado, vegetaçao brasileira do Centro-Oeste, correspondente a 21% do territorio nacional, uma das maiores biodiversidades da Terra. O equilibrio mental e corporal que procuro todos os dias, procurei deslocá-lo para um lugar deserto, onde estivesse disponivel para perceber o equilibrio que mantem aquela vegetaçao viva, em que tênues fronteiras estamos de um equilibrio. Me isolei.

Defrontei-me com uma das especies do Cerrado, a palmeira Buriti. Ela realiza todos os anos na época de seca um processo de autocombustão. Para proteger-se ela expele um óleo combustivel. Devido ao calor intenso e a numerosa presença de cristais de quartzo no solo daquela regiao, a luz se multiplica, e, refletindo nos buritis, provoca queimadas quilométricas. As plantas dessa região desenvolvem uma nova camada de proteçao, uma "pele", que vai descascando ate novamente vir a chuva, podendo sobreviver a muitas queimadas durante a vida.

Equilibrei meu corpo na paisagem, no formato das arvores, captei minha sombra. Falo de paisagem porque toda ela tem seu equilíbrio, sia rotina. Como as intuiçoes, os acasos, todas as coisas da terra, têm seu mecanismo regular. Busco o relaxamento dos olhos, sinto a luz do lado de fora da escuridão do meu corpo.

Se somos vivos, pulsamos assim como uma vegetaçao, temos nosso periodo de seca e sobrevivemos com uma camada de proteçao que nós mesmos criamos.